Entrevista > > Vágner Mancini, novo treinador do Vasco

Logo em sua primeira entrevista como novo treinador do Vasco, em São Januário, Vagner Mancini percebeu as várias coincidências que cercam o seu nome à história do clube. Curiosamente, o profissional foi apresentado exatamente um ano depois da chegada de Dorival Júnior, em dezembro de 2008. Além disso, o título de maior expressão de sua carreira, a Copa do Brasil de 2005, foi conquistado justamente no estádio cruzmaltino.

Além das duas coincidências positivas, Mancini tem uma outra curiosidade com o Vasco - esta, de lembrança nada boa. Em 2008, na última rodada do Campeonato Brasileiro da Série A, o Vitória, comandado pelo treinador, venceu o time da Colina, em São Januário, e acabou rebaixando o time carioca à Série B em 2009.

Mancini assinou contrato de um ano e já teve as primeiras reuniões de trabalho com a cúpula do futebol para traçar o planejamento para 2010 e definir o nome dos próximos reforços. O treinador chegou acompanhado do auxiliar Anderson Silva. Além dele, a diretoria acertou a contratação do preparador Flávio de Oliveira, que já trabalhou com o treinador no Grêmio.

Rebaixamento de 2008 
“Em 2008, lembro de uma cena que me marcou. Ao término do jogo, o estádio inteiro cantando o hino do Vasco. Nós, que vivemos no futebol, mesmo estando do outro lado, sentimos, nos emocionamos. Foi o sofrimento de uma imensa torcida, que mesmo após a queda não se desanimou. Em 2009, nós vimos São Januário e o Maracanã lotados. O Vasco só voltou porque teve o torcedor ao seu lado”. 

Coincidências 
“Sei que o Dorival Júnior foi anunciado no dia 12 de dezembro de 2008 e apresentado três dias depois. Não vou contra essa superstição. Se um ano tivemos o Dorival chegando e vencendo, isso pode acontecer novamente. Pode ser o início de uma fase vitoriosa, como ele teve em 2009. Ele atingiu o acesso. Espero que 2010 seja recheado de conquistas. Um ano de muito sucesso”.

Copa do Brasil 
“Em 2005, conquistei meu principal título, que foi a Copa do Brasil. Na época, comandava o Paulista de Jundiaí, e nós batemos o Fluminense dentro de São Januário. Essa é mais uma coincidência. Espero que São Januário seja palco de mais conquistas. Não tenha dúvida de que quando você volta a um lugar que obteve um grande feito, acaba vendo o cenário e se enchendo de forças e energia para novas conquistas. Espero que São Januário possa nos dar mais alegrias ainda”.

Contratações 
“Desde que foi feito o acerto, temos conversado um pouco sobre isso. Não temos muito tempo de lá para cá. Muita coisa foi vivida, foi discutida. Tudo o que está sendo feito desde que eu cheguei tem a minha entrada nos assuntos. Algumas coisas já estavam sendo desenvolvidas. O mais importante é que hoje a gente forma uma equipe de trabalho. Não só de atletas que vão chegar, mas também quem vai sair”.

Qualidade duvidosa 
“Estou sabendo que muita gente acha que o Vasco contratou atletas com qualidade duvidosa. Mas sempre que você busca uma peça no mercado isso vai gerar esse tipo de comentário. A não ser que seja um atleta de ponta, que defenda a Seleção Brasileira ou viva um momento ímpar. Tenho certeza de que não se forma um bom time somente com bons atletas. Você precisa ter um plano tático definido, um time equilibrado. Não é o fato de ter dez atletas com uma recomendação que você vai ser campeão. Isso se adquire com o tempo”.

Estilo 
“No futebol moderno todos os atletas precisam fazer aquilo que deve ser feito, que é atacar e defender com a mesma intensidade. Há 20 anos, a gente via um futebol onde você desmembrava a parte ofensiva da parte defensiva. Os cinco da frente atacavam, e outros cinco defendiam. A Holanda de 1974 e a Dinamarca logo depois acabaram com isso. Qualquer equipe que queira alguma coisa precisa ter equilíbrio. Precisa ser uma equipe que ataque com 10 e defenda com 11 a maior parte do tempo. Não dá para pedir isso durante 50 minutos. Isso demora a ser realizado, mas vai acontecer”.

As semelhanças com Dorival Júnior 
“O Dorival é um grande amigo da época de atleta. Fora de campo, temos muitas semelhanças. O Dorival tem a fala mansa e eu também. Diversas vezes ao longo do ano passado e de 2009, nós estivemos em contato falando das nossas equipes. Ele é um dos caras que eu mais falo sobre futebol. Dentro de campo, eu não vivi as equipes dele e vice-versa. A partir do momento em que eu chego ao Vasco e ele ao Santos, vamos saber do trabalho de cada um. Ele usa um sistema de jogo e eu uso outro. Temos algumas diferenças, mas existem semelhanças”.

"Em São Januário conquistei um título importante e é bom voltar a um lugar como este”
Vágner Mancini