Num momento em que o Rio de Janeiro vive em comoção por causa das vítimas das enchentes na última semana, tudo o que a cidade não precisa é de vandalismo de torcedores em meio às emoções da reta final do Campeonato Carioca. Em clima de paz simbolizado pelo beijo de Willians em Philippe Coutinho na partida da fase de classificação da Taça Rio, Vasco e Flamengo voltam a se enfrentar, hoje, pela semifinal da competição, às 16 horas, no Maracanã.
O tal beijinho aconteceu ainda no primeiro tempo do jogo. Willians deu um carrinho em Coutinho dentro da área e o árbitro marcou pênalti. Num gesto inusitado, o volante do Flamengo deu um beijo no adversário, que ainda estava caído, preocupado se havia machucado ou não a jovem revelação.
“Realmente foi algo que não esperava. Foi muito diferente mesmo, mas serviu para mostrar que, apesar de toda a rivalidade entre os clubes, o momento é de pedirmos paz. Essa rivalidade tem de ficar no campo, e não nas ruas e nas arquibancadas. O gesto do Willians tem de servir de exemplo e que as famílias e crianças possam ir mais aos estádios”, comentou Coutinho, com a sobriedade de um veterano, apesar de ter apenas 17 anos de idade. “Vou falar com ele antes do jogo, mas dessa vez sem beijinho. Um abraço está bom (risos)”.
Entre tanta cordialidade, o Flamengo procura entrar no clima, faz campanha de donativos para as vítimas das enchentes e vê Adriano se prontificar a ir a campo para ajudar os companheiros num momento de dificuldade.
O Imperador ainda sente dores nas costas por causa de uma lombalgia e desfalcou o time no jogo contra a Universidad do Chile. O carinho e a boa aceitação, apesar das regalias, o levaram a retribuir com seu sacrifício.
Com o sorriso de volta, Adriano garante que não deixou de comemorar seus gols em retaliação às críticas recebidas por sua atuação fora de campo, o que o levou até a depor na polícia para esclarecer sua relação com traficantes da Vila Cruzeiro.
“Não foi porque eu quis mostrar que estava com raiva de alguém que não comemorei os gols. Foi no momento mesmo. Apenas não senti vontade de comemorar. A gente fica sem saber o que fazer pela felicidade que vive e cada um tem sua forma de reagir. Espero que possa fazer um gol e comemorar. Ou não”, disse Adriano.
O Maracanã que tanto sofreu com a chuva agora vai abrigar dois gigantes em seu palco. Num momento em que se questionou a realização de grandes eventos na cidade, esta é a chance para se provar que a paz pode existir mesmo na maior das rivalidades. (O Dia)
"Ainda não estou 100%. Mas vale o sacrifício. Sei que o grupo precisa de minha presença e espero ajudar nessa reta final”
Adriano , atacante do Flamengo
"O Vasco estando em um bom momento, eu fatalmente vou fazer gols. O mais importante é que o time vença” Dodô , atacante do Vasco
Michael supera barreiras e muda da água para o vinho
Rio
Michael chegou ao Flamengo com o discurso de que não aceitaria jogar na lateral. Começou a temporada longe de sua melhor forma física, ficou sem espaço no time com a chegada de outros meias, como Vinícius Pacheco e Ramon, cometeu pequenos atos de indisciplina e ainda conviveu com uma sinusite.
O cenário é o pior possível e por isso o seu ressurgimento causou espanto. Hoje, contra o Vasco, terá talvez a sua grande chance de segurar a posição. “Não esperava ser titular contra a Universidad do Chile. Se tiver outra surpresa agora estou pronto para responder à altura. Saí da água para o vinho e quero permanecer no vinho”, reforça Michael. “Estou aqui para ajudar e não atrapalhar. Quero ver o Flamengo jogar bem e classificado para a final da Taça Rio”.
Michael agora mudou o discurso. Já se diz à disposição para jogar onde o técnico Andrade precisar. Os problemas disciplinares e de saúde ficaram para trás. A sua expectativa agora é em ver o Maracanã lotado para um clássico decisivo.
“Espero que esse jogo sirva para chamar a nossa torcida. Mesmo com todo o caos no Rio, ela foi ao jogo na quinta-feira e nos apoiou até o fim. Não conseguimos dar a vitória, mas também não tem frustração”, garante o jogador, lembrando a dedicação que teve para recuperar sua melhor forma física. “O futebol é dinâmico e quando a gente menos espera a oportunidade aparece. Trabalhei muito e sabia que minha oportunidade chegaria”. (O Dia)
Pela força da fé, Carlos Alberto move montanhas no Vasco
Rio
Carlos Alberto já foi visto por muitos como um jogador problemático. Confusões eram comuns em sua carreira, mas desde que chegou ao Vasco esse perfil ficou no passado. A chance de mudar foi encarada como um recomeço, não só em campo como na vida. Foi aí que o camisa 19 recorreu com tudo a algo que tinha esquecido: a fé.
Passou a frequentar uma igreja considerada mais “mente aberta” e se entregou. Além das tatuagens com mensagens religiosas – Carlos Alberto tem, por exemplo, o Salmo 27 no antebraço direito –, o novo acessório que dá ainda mais força é uma pulseira. A frase é a mais simples e direta possível: “Deus é o cara”.
É com essa simplicidade que ele espera dar mais uma volta por cima na semifinal de hoje, contra o Flamengo.
“Em todos os momentos difíceis, a fé ajuda a ter ainda mais confiança. Sou muito ligado em Deus, e não especificamente em religiões, doutrinas e igrejas. Fé, sim”, afirma o jogador, lembrando que, além de ter ajudado em campo, fora dele se considera um homem muito melhor.
“Estou mais tranquilo. Percebi com a idade que nada precisa ser no impulso. Controlo minhas emoções e sinto que isso só me trouxe coisas boas. Até o meu filho”.
É com a força dos versos do Salmo que tem gravado (“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?”) que Carlos Alberto espera outra superação em sua vida: uma nova vitória sobre o Flamengo e a chance de disputar a final da Taça Rio: “É o meu maior objetivo”. (O Dia)
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