Depois de passar três jogos sem conseguir vencer em seus domínios pela Copa do Brasil - contra Náutico, Atlético-PR e Avaí -, o Vasco finalmente fez o dever de casa nesta quarta-feira, no melhor momento possível, ao bater o Coritiba por 1 a 0 no primeiro jogo da final. Com muitas dificuldades para controlar a afobação e o nervosismo no primeiro tempo, o time comandado por Ricardo Gomes contou com um gol de Alecsandro para sair na frente na finalíssima. Agora, o Vasco precisa de um empate no jogo de volta, quarta-feira que vem, em Curitiba, para conquistar o título inédito e voltar à Libertadores. Depois de atingir nesta temporada a maior sequência de vitórias na história do futebol brasileiro (24), o Coxa caiu de produção depois da goleada de 6 a 0 sobre o Palmeiras e agora terá de reencontrar o seu melhor jogo para vencer por dois gols de diferença e dar a volta olímpica que também seria inédita. O Couto Pereira lotado é uma das apostas para a virada e a pressão nos minutos finais do jogo no Rio pode ter sido um sinal.
Antes, os dois times, provavelmente com reservas, se enfrentam no fim de semana pelo Campeonato Brasileiro, domingo, também no Couto Pereira.
Alecsandro comemora o gol homenagenado o pai, Lela (Foto: Marcelo de Jesus/Globoesporte.com)
A euforia vista em São Januário lembrou os jogos da Libertadores de 1998, quando o Vasco fez do estádio seu caldeirão para conquistar o título. O folclório torcedor Mister M, presente em todas as partidas daquela conquista, voltou com força total e ganhou a companhia de um torcedor fantasiado de Elvis Presley, com direito a guitarra e afins. A presença das belas gêmeas do nado sincronizado, do ídolo Geovani, do ex-zagueiro Odvan e do ex-BBB Kadu eram alguns dos ingredientes que formavam uma imensa panela de pressão num dia diferente. Afinal, depois de alguns anos, o Vasco estava de novo numa final importante.
Mas, antes do duelo, os velhos problemas do futebol brasileiro. O ônibus do Coritiba foi alvejado por uma pedra na chegada da delegação a São Januário. Ninguém ficou ferido e a polícia não conseguiu prender o responsável pela agressão. A entrada dos torcedores também foi bastante confusa. No portão 18, dezenas de vascaínos pularam as roletas e entraram sem apresentar ingressos. Mais tumulto no portão 5, onde uma enorme fila se formou desde às 19h. Apenas três roletas funcionavam no local e a entrada dos cruz-maltinos era muito lenta. Os torcedores começaram a forçar a entrada e a polícia militar precisou usar gás de pimenta para evitar a confusão. Além disso, a quantidade de ingressos falsos foi grande. Vários torcedores foram impedidos de entrar. Um funcionário usava alto-falante para alertar ao público do problema.
Muita tensão no ar
Com os nervos à flor da pele, os dois times começaram o jogo abusando das faltas e dos passes errados. Qualquer marcação da arbitragem gerava protestos e palavrões dos mais pesados. Ansiosa, a torcida do Vasco colocava uma forte energia em campo. E um dos únicos que conseguia absorver essa força no início era Felipe, que usou toda a sua experiência para colocar a bola no chão e fazer o time respirar. O meia vascaíno tabelava com facilidade e fazia o time rodar. Já pelo lado do Coritiba, a afobação se traduzia em muitos chutões que a zaga do Vasco conseguia anular. Às vezes com dificuldade.
Abusando da experiência, Felipe comandou o time do Vasco em campo (Foto: Luis Alvarenga / Globo )
Fernando Prass teve que trabalhar em chute de Bill e o Vasco deu o troco em bela jogada de Diego Souza, que costurou adversários dentro da área antes de bater para o salto de Edson Bastos. Aos poucos, Diego Souza passou a chamar a responsabilidade e dar as conhecidas arrancadas. O Coritiba melhorou a partir do momento que Anderson Aquino passou a tocar mais na bola e tranquilizar o time, enquanto Bill incomodava os zagueiros vascaínos com muita luta e Rafinha corria sem parar. O time paranaense aproveitava os espaços dados pelos donos da casa e, a partir dos 35 minutos, passou a ter mais a bola no pé. Organizado, o Coxa trocou vários passes e quase marcou no fim do primeiro tempo, mas Bill não alcançou o cruzamento de Jonas.
Afobação, o principal problema dos dois times
Na saída para o intervalo, um jogador de cada lado apontou a afobação como responsável pelo empate parcial sem gols.
- O que a gente não pode é se afobar. Temos que colocar a bola no chão - destacou Diego Souza, que teve a opinião compartilhada por Davi, do Coxa.
- Estamos muito afobados. Roubamos a bola na defesa e queremos sair de qualquer jeito. Assim não dá.
Gol de Alecsandro e homenagem ao pai
As palavras de Diego Souza foram ouvidas e compreendidas pelo time. Tanto que, logo aos cinco minutos, Diego, com tranquilidade, recebeu na intermediária e acionou Allan. O volante, que joga improvisado, mostrou talento dos grandes laterais ao cruzar na cabeça de Alecsandro, que mostrou como se faz ao testar para o chão e abrir o placar para o Vasco: 1 a 0 e explosão na Colina. Na comemoração, Alecsandro homenageou o pai, Lela, e fez a careta marca registrada do ex-atacante que, curiosamente, integrou o time do Coritiba campeão brasileiro em 1985.
O Coritiba não pareceu sentir o gol e criou duas boas chances em sequência. Na segunda, a mais perigosa delas, Fernando Prass teve que fazer defesa difícil após chute de Bill. Mas, aos poucos, as duas equipes passaram a sentir o desgaste, fruto do ritmo alucinante do primeiro tempo.
Pressão total do Coxa no final
Bernando ainda ameaçou em cobrança de falta por cima do gol e os visitantes arriscaram vários ataques rápidos que deixaram os vascaínos de cabelo em pé. A pressão foi muito grande e, aos 47, a bola quase entrou em conclusão de Emerson, mas o time da Colina controlou os nervos para abrir vantagem na decisão. Agora é tudo ou nada no Couto Pereira.
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