Na semana de sua reestreia com a camisa cruz-maltina, jogador diz que não deveria ter saído do clube em 2011: 'O Vasco é onde eu sempre quis ficar'
Meia quer apagar a má fase que viveu
em 2011 (Foto: Divulgação)
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A camisa número 84 faz referência ao seu ano de nascimento. Realmente, quando voltar a vestir o uniforme do Vasco na partida contra o Nova Iguaçu, neste domingo, Carlos Alberto terá uma espécie de ressurreição na Colina. Após deixar o clube em janeiro de 2011, em razão de uma discussão com o presidente Roberto Dinamite, e passar discretamente por Grêmio e Bahia, o meia de 27 anos terá uma nova chance em São Januário. E o retorno ao clube no qual chegou a ter status de ídolo o faz pensar que talvez fosse melhor jamais ter saído.
Pai de Lucca, que completa três anos em setembro, e na expectativa do nascimento de Davi, previsto para o fim de maio, Carlos Alberto deseja sentir de novo a alegria de ver sua família torcer por ele em campo. Quer novamente jogar futebol e ouvir a torcida do Vasco gritar o seu nome. Mas sabe que, para experimentar todos esses prazeres, terá de conviver com desconfiança e críticas. Mesmo assim, espera responder a elas com o trabalho e o comprometimento que receberam elogios dos seus colegas de Vasco desde que foi reintegrado ao elenco principal, em 27 de março.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Carlos Alberto externou sua gratidão ao clube e admitiu:
- O Vasco é onde eu sempre quis ficar.
Como você define a volta ao Vasco: um recomeço ou uma segunda chance? Vejo como uma ótima oportunidade de voltar a jogar bem ajudando o grupo. É um momento de muita alegria, porque ficar sem jogar é muito ruim. Tenho uma chance boa e quero aproveitá-la da melhor maneira possível. Fui muito bem recebido novamente no Vasco e quero mostrar minha gratidão em forma de conquistas. Mas não é a última chance da minha carreira, e sim uma grande chance.
Depois desse período convivendo novamente com o grupo, ficou a sensação de que não deveria ter saído do Vasco? Na vida a gente toma decisões, e naquele momento não é possível saber se é bom ou ruim. Agora que o tempo passou, deu para perceber que não foi bom ter saído do Vasco. Mas meu pensamento é aproveitar da melhor forma o que estou vivendo agora. Estou muito otimista em fazer uma grande história aqui novamente, principalmente porque o grupo atual é superior ao que estava quando eu saí.
É possível dizer que 2011 foi o pior ano da sua carreira? Foi um ano ruim, porque não tive uma sequência de partidas. Além disso, tive uma lesão no Bahia que me atrapalhou muito. Mas não gosto de ficar lamentando. Aconteceu, tudo bem, e agora tenho uma oportunidade de fazer um bom ano.
Depois que terminou seu contrato com o Bahia, não foram noticiadas propostas, apenas a do Palmeiras. Acha que isso se deve a tudo o que aconteceu desde o ano passado? Existe uma imagem negativa sobre você? Quando você não faz a pré-temporada com o grupo, fica difícil entrar no meio de um projeto. Não fui para o Palmeiras, mas a melhor escolha foi ter permanecido no Vasco. Talvez em outro clube eu não recebesse o mesmo carinho e tivesse um bom desempenho. Além disso, o Vasco é onde eu sempre quis ficar. Recuperei o que havia perdido e, por isso, estou muito feliz.
No momento em que foi reintegrado ao elenco principal, chegou a temer que o ambiente não fosse favorável, pela forma como você saiu? A palavra não é exatamente temer. Fiquei ansioso em relação a isso. Mas sempre tive um ótimo ambiente no Vasco e todos, sem exceção, me deram força quando voltei. Aliás, os jogadores sempre disseram que gostariam que eu voltasse. Eu precisava de tudo isso para retornar realmente. Por isso, quando comecei a treinar novamente com o grupo, saiu um peso das minhas costas. Passei a ter a certeza de que foi o melhor caminho.
Olhando para trás, ficou a sensação de que você poderia ter se entendido com Roberto Dinamite logo depois da discussão e evitado a saída? Realmente, tudo poderia ter sido resolvido lá atrás. Mas o importante é que resolveu. O importante na vida é evoluir e viver bem com aqueles que te cercam. Quando nós nos reunimos, o Roberto externou o carinho que sentia por mim, e eu mostrei que era recíproco. Ele entendeu o que aconteceu e, por isso, sou grato ao Roberto. Mas também sei que não posso ficar nas palavras. Preciso mostrar esse agradecimento dentro de campo.
Como foi seu contato com o Cristóvão Borges, já que ele e o Ricardo Gomes assumiram o Vasco logo após a sua saída? Eu já havia trabalhado com o Cristóvão na Seleção pré-olímpica, em 2004, e temos uma relação boa. Ele está sendo paciente, me deixou entrar em forma sem pressão. Todo dia pergunta como me sinto. Com o Ricardo Gomes, eu ainda não conversei. Preocupação e confiança do treinador ajudam muito o atleta. Além disso, faço parte de um grupo de jogadores experientes. Neste momento, vou ser muito mais ajudado do que vou ajudar.
Você deixou o Vasco em 2011 na condição de jogador protagonista. Agora tem outro papel. Por exemplo, você não teve de volta a camisa 19, que é de sua preferência. Como é passar por toda essa experiência? Não fiz qualquer exigência em relação à camisa. Não tem necessidade. Conversei com o Roberto e com o Daniel Freitas, e eles me deixaram bem à vontade para escolher o número. Para falar a verdade, não estou preocupado com isso, e ninguém está querendo mostrar nada para mim. Hoje, no grupo do Vasco, tudo é conversado e decidido em conjunto.
Muito se fala que você poderia ter ido ainda mais longe na carreira não fossem as polêmicas. Agora com essa nova passagem pelo Vasco, aos 27 anos, enxerga o momento como definitivo na carreira e na vida? Na verdade, não estou muito preocupado com o futuro agora. Tenho que fazer um presente bacana para depois construir um futuro legal. Não adianta querer pensar na frente. Preciso me concentrar no trabalho do dia a dia e nos jogos. Em relação ao meu comportamento, sempre tive opinião e personalidade. Erros, todos cometem. Sei que estou sujeito a críticas e as entendo, mas também sei que muitas coisas não acrescentam em nada.
Como foi passar um ano de 2011 pessoalmente difícil e ver de longe o Vasco conquistar a Copa do Brasil e brigar pelo título do Brasileirão depois de você ter ajudado o clube a retornar à elite, em 2009? Fiquei feliz pelas conquistas do Vasco, mas é lógico que eu gostaria de estar junto, de fazer parte, porque enfrentei uma fase complicada do clube. Minha satisfação pelos companheiros e pelo Vasco foi enorme. Agora estou ainda mais feliz por estar novamente aqui vestindo essa camisa. Tudo que vivi em São Januário foi muito especial para mim.
Como está vivendo esses dias que antecedem a reestreia? Está preparado para enfrentar as cobranças por um bom desempenho logo de cara? Estou revivendo aquele sentimento do menino que sobe para os profissionais. Sinto saudade até da concentração. Mas quero pedir paciência ao torcedor, porque falta ritmo, e vou lutar muito contra isso. Não é fácil disputar uma partida após quatro meses. Não tem como não sentir o tempo parado. Ainda mais jogando em Bangu, às 16h, com um gramado que não é dos melhores. Mas quero aproveitar se tiver a oportunidade de voltar a jogar futebol e espero esquecer as coisas que podem ofuscar esse momento.
Fonte: GloboEsporte.com
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