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11 de agosto de 2007

2001: O ano em que o Vasco detonou a Globo



"A Globo teve que transmitir o jogo sem o áudio externo. A transmissão não teve a qualidade de sempre porque as câmaras tentavam evitar mostrar as manifestações hostis da grande torcida vascaína contra a habitual manipulação ideológica da emissora para atender a seus interesses".

VASCO vs GLOBO
Eduardo Marini e Hélio Contreiras

"Vasco e SBT, tudo a ver", copyright IstoÉ, edição 1634

"‘Foi homenagem. Não preciso pedir permissão para cantar Parabéns pra você. Na camisa do Vasco, coloco o que quero’

A festa pela conquista da Copa João Havelange, feita pelo Vasco da Gama na quinta-feira 18, no Maracanã, foi marcada por hostilidades. O alvo dos torcedores irados não era o adversário, o São Caetano, derrotado por 3 a 1, mas a Rede Globo, que pagou R$ 80 milhões pelos direitos de transmissão do bagunçado campeonato. Depois de responsabilizar a emissora pela suspensão do segundo jogo decisivo em São Januário, em 30 de dezembro, o presidente do clube, Eurico Miranda, colocou o logotipo do SBT nas camisas dos jogadores. Como o contrato entre o Vasco e a multinacional fabricante do sabão em pó que patrocinava o clube, vencido no último dia 31 de dezembro, não foi renovado, Eurico aproveitou a oportunidade para provocar a Globo. No primeiro tempo, quando o Vasco atacava, a Globo abusava dos planos abertos para não mostrar a marca da rival. No terceiro gol vascaíno, na segunda etapa, os atacantes Romário e Euller comemoraram de costas para as câmeras. ‘Não houve negociação de patrocínio com o SBT’, disse Eurico. ‘Foi uma homenagem. Não preciso pedir permissão para cantar Parabéns pra você. Na camisa do Vasco, coloco o que quero’, emendou o dirigente.

O locutor Galvão Bueno e sua equipe se esfalfaram para evitar que as ofensas dirigidas à emissora pelos torcedores do Vasco chegassem aos telespectadores. Os câmeras evitavam dar close nas arquibancadas, cheias de faixas contra a Globo. Quando os palavrões eram captados pelos microfones, o áudio externo era anulado e ouvia-se apenas a voz de Galvão. Os xingamentos eram alternados com gritos de ‘Ah, é Silvio Santos’, ‘Ão, ão, ão, é o jogo do milhão’, e ‘Ritmooooo, é ritmo de festaaaa’, música tema do Topa tudo por dinheiro.

A cúpula da emissora paulista parecia não entender o que ocorria. ‘Não sabíamos de nada. Nosso símbolo não pode ser utilizado dessa forma. Nossos advogados irão tomar as medidas necessárias’, disse a diretora de comunicação do SBT, Ana Teresa Salles. A Globo não quis comentar o assunto. À noite, os editores do Jornal Nacional tentaram evitar a logomarca da concorrente, mas não impediram que ela explodisse no vídeo em seis ocasiões. A audiência média do jogo, transmitido em rede nacional, foi de 31 pontos, com picos de 39. Isso significa que pelo menos 60 milhões de brasileiros viram a logomarca da maior concorrente brilhar na tela da Globo. Para compensar, o JN disparou torpedos contra o chefe vascaíno, também deputado federal pelo PPB. Destacou a representação do deputado Pedro Celso (PT-DF), pedindo a cassação de Eurico, que teria trocado um cheque de US$ 110 mil no mercado paralelo sem registrar a operação no Banco Central.

O quinto parágrafo do artigo 27A da Lei Pelé estabelece que nenhum clube pode ser patrocinado por empresas de rádio e televisão. ‘O São Caetano teria até 48 horas após a entrega da súmula do jogo para acionar a Justiça Desportiva’, explica o advogado Heraldo Panhoca, especialista em legislação esportiva. ‘Nesse caso, o STJD teria duas opções: marcar nova partida ou declarar o São Caetano campeão’, completa. ‘Homenagem a gente presta a quem quer’, diz Eurico. Por ser uma ‘homenagem’ ao SBT e não um patrocínio, o Vasco deverá ter o título confirmado. Mas o homenageado parece não ter gostado do gesto e tudo pode terminar num processo por uso indevido de marca."



Marcelo Carneiro

"Cartola obriga TV Globo a exibir logotipo do SBT", copyright Veja, edição 1684, 24/01/01

"Ele não se emenda. A atração quase irresistível do cartola Eurico Miranda por uma confusão chegou ao ápice na quinta-feira passada. Mandachuva do Vasco da Gama, o dirigente usou a final do Campeonato Brasileiro de Futebol, em que o clube carioca venceu por 3 a 1 o São Caetano, para desferir um petardo contra a maior rede de televisão do país. Aproveitando que o time estava sem patrocinador, Eurico fez os onze jogadores do Vasco, entre eles as estrelas Romário e Juninho Paulista, entrar em campo exibindo no peito e nas costas o logotipo do SBT, principal rival da Rede Globo. Por longuíssimas duas horas, a emissora teve de mostrar, para um público estimado em 20 milhões de telespectadores, o símbolo do concorrente. No estádio do Maracanã, 60.000 torcedores do Vasco cantavam músicas de programas do SBT e entoavam refrões impublicáveis contra a Globo.

A ousadia de Eurico, que na tarde de sexta-feira assumiu para VEJA a responsabilidade total pelo episódio, é o mais recente tiro desferido pelo cartola em sua guerra contra a Globo. O dirigente está convencido de que a emissora pretendeu prejudicá-lo na cobertura da tragédia de São Januário, no final do ano passado, quando a queda de um alambrado provocou ferimentos em mais de 150 torcedores e levou à suspensão da partida. Em depoimento na CPI da Câmara, que está apurando as responsabilidades sobre o acidente em São Januário, Eurico disse que a Globo forçou a suspensão da partida para não ter de mudar sua programação. ‘Eles tinham de colocar Uga Uga no ar’, disse o dirigente, em mais uma de suas tiradas.

Eurico não se preocupou sequer em avisar o SBT sobre a confusão que iria aprontar. Atônitos - mas evidentemente com uma ponta de satisfação - , os executivos da emissora enviaram ao Vasco uma notificação pedindo explicações pela utilização não-autorizada do logotipo. O SBT pode processar o clube carioca por uso indevido da imagem, mas o caso não deve ir adiante. ‘Vou explicar a eles que era só uma homenagem’ diz, candidamente, Eurico. Apesar do duro golpe, a Globo ainda não ensaiou nenhuma reação oficial. A legislação atual proíbe empresas de comunicação de patrocinar eventos desse tipo. A idéia é justamente impedir que uma emissora pegue carona nas transmissões de uma concorrente. Trata-se de um mercado de altíssimas cifras. O último patrocinador do Vasco pagava cerca de 1 milhão de dólares mensais para ter sua imagem estampada no uniforme dos jogadores. Para o SBT, a propaganda foi de graça."