Um basta à violência
O selvagem confronto entre torcedores de Vasco e Corinthians, na noite de quarta-feira, que resultou na morte de Clayton Ferreira de Souza, de 27 anos, seguidor do clube paulista, surgiu após os ônibus que levavam os cariocas ao Pacaembu terem sido emboscados pelos rivais na Marginal do Tietê, uma das principais vias da capital paulista.
A violência continuou após o jogo, quando um dos ônibus de torcedores do Vasco foi incendiado próximo ao estádio. O promotor Paulo Castilho estuda uma medida radical para acabar com este tipo de confronto: proibir a presença de torcidas adversárias nos jogos realizados no estado.
"Infelizmente, vamos propor que nesses confrontos entre grandes clubes que a torcida seja única. Se os torcedores do Vasco não tivessem vindo à capital paulista, não teria acontecido essa tragédia", afirmou.
Para ele, esta medida deveria ser adotada em outros estados, principalmente no Rio, já que ele teme pela segurança dos corintianos. "Quando o Corinthians for jogar no Rio com certeza os vascaínos vão querer o revide. E isso tem de ser evitado", ressaltou Castilho.
O promotor afirmou não ter dúvida de que os torcedores do Vasco sofreram uma emboscada dos corintianos. "Temos informação de que no ano passado um torcedor do Corinthians foi morto no Rio".
Corpo deformado
Clayton Ferreira de Souza será enterrado com a camisa da torcida Gaviões da Fiel. Promotor de vendas, ele foi vítima de traumatismo crânio-encefálico. O corpo estava deformado e com os dentes quebrados.
Vinte e sete pessoas foram detidas na confusão. Seis foram liberadas e as restantes serão indiciadas por rixa qualificada com evento de morte, formação de quadrilha e destruição do patrimônio.
Eram 28 policiais escoltando 13 ônibus vascaínos desde a entrada em São Paulo, quando houve o encontro com os corintianos, na Marginal Tietê. Os corintianos desceram de um ônibus e atacaram o comboio. Os torcedores se agrediram com pedras, barras de ferro, pedaços de pau e até com um fuzil. (O Dia)
Senado segura lei contra brigas
BRASÍLIA
Após a rápida aprovação na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que criminaliza atos violentos nos estádios está parado há 24 dias no Senado, onde ainda irá tramitar por duas comissões antes de ser votado no plenário.
O ministro dos Esportes, Orlando Silva, disse esperar que os confrontos entre torcedores do Vasco e Corinthians, que deixaram um morto e vários feridos, sirvam de motivação para agilizar o processo.
Ele defende que uma alternativa de cadastramento de torcedores e o controle de acesso aos estádios – a polêmica "carteirinha" foi rejeitada pelos deputados – seja oferecida, para evitar o episódio de ontem, no qual um foragido da Justiça foi identificado entre os arruaceiros.
As modificações no Estatuto do Torcedor foram aprovadas na Câmara no dia 6 de maio, e o projeto foi encaminhado ao Senado na semana seguinte.
De acordo com o texto, haverá pena de detenção pelo porte de objetos ou substâncias que podem ser usados para a prática de violência.
"Queremos que o arruaceiro saiba que portar o objeto ou substância vai ser equivalente ao porte ilegal de arma", disse o ministro Orlando Silva. (Agência Globo)