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9 de agosto de 2007

Por que o Vasco é o time da virada, o time do amor?


Tudo começou em 1923. A equipe do Clube de Regatas Vasco da Gama havia sido promovida à primeira divisão do campeonato carioca. Naquela época, existia a idéia de que o "sport" era apenas para aqueles privilegiados que faziam parte da aristocracia brasileira. O racismo se apresentava ora de forma explícita, ora de forma implícita e também se manifestava no futebol. Entretanto, a equipe que o Vasco levara para participar do campeonato de 1923 era na sua maioria formada por jogadores negros, mestiços e brancos de origem humilde. Cabe ressaltar que os grandes clubes da época do Rio (Fluminense, Flamengo, Botafogo e América) possuíam em seus quadros apenas jogadores brancos pertencentes à aristocracia.

Os grandes clubes não se preocuparam, inicialmente, com o Vasco, pois era uma equipe nova na primeira divisão, mas à medida em que o Vasco derrotava todos os adversários que encontrava pela frente, um movimento de oposição foi se criando em relação aos seus jogadores. Este sentimento era partilhado não apenas pelos clubes aristocratas, mas pela população em geral, visto que a comunidade lusa do Rio de Janeiro havia se beneficiado inúmeras vezes nas apostas que eram realizadas na cidade.

O atrevimento do Vasco culminou com a conquista do título de campeão carioca daquele ano. A única derrota da equipe foi para o Flamengo, pelo placar de 3 a 2, fato que causou um verdadeiro alvoroço na cidade. Ao término da partida, realizada no campo do Fluminense, vários torcedores de outros clubes se juntaram aos do Flamengo e saíram em passeata até a Lapa, concentrando-se em frente ao restaurante Capela, que era um tradicional ponto de encontro dos vascaínos. A rivalidade entre vascaínos e flamenguistas já existia no remo; este jogo marca o início da rivalidade entre eles no futebol.

Entretanto, o fato mais importante estava para acontecer. Os clubes aristocratas reuniram-se e deliberaram excluir os jogadores "humildes" (negros e mestiços), sob a alegação de que praticavam o profissionalismo.

Este projeto se concretizou quando o presidente da Liga Metropolitana (AMEA), que fora criada pelos clubes da aristocracia (Flamengo, Fluminense, América, Botafogo e ainda o Bangu), enumerou uma série de condições a serem cumpridas pelos clubes pequenos. Os clubes teriam que apresentar condições materiais e técnicas e eliminar de seus quadros os jogadores considerados profissionais. O nome de tais jogadores foi lido naquele momento. O mais prejudicado foi o Vasco que teve quase todo o time campeão incluído na lista. "Todo discurso se sustenta em teias invisíveis. A eficácia do discurso do poder está justamente naquilo que ele oculta" Isaac Epstein, em A Gramática do Poder.

O presidente do Vasco da Gama, Dr. José Augusto Prestes, enviou então um ofício à Associação recém criada, mais especificamente a Arnaldo Guinle, presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, declarando publicamente que se negava a participar da nova entidade. O Vasco, juntamente com outros clubes pequenos, disputou o campeonato de 1924 pela antiga Liga Metropolitana de Desportos Terrestres.

Vem dessa data o que está no imaginário das pessoas em relação ao Vasco ser o time da virada, o time do amor. O Vasco não foi o primeiro clube a permitir que jogadores das classes humildes e principalmente jogadores negros e mestiços participassem da sua equipe principal. O pioneirismo do Vasco está em dar as condições necessárias para que esses jogadores desafiassem o poder das equipes brancas. Ao contratar o técnico uruguaio Ramon Plattero e implementar um regime de treinamento revolucionário para a época, o Vasco construiu uma equipe poderosa, principalmente no aspecto físico. A equipe poderia perder o primeiro tempo, mas com certeza no segundo tempo virava o jogo. A condição física dos jogadores do Vasco era estupenda em relação aos outros jogadores.

"Para que os homens dêem um único passo
para dominar a natureza por meio da arte
da organização e da técnica, antes terão
que avançar três em sua ética."
Friedrich Leopold von Hardenberg (1772-1801), poeta alemão.

Fonte:
Lecturas: Educación Física y Deportes