Contra o time do povo na terra da polêmica. Vasco enfrenta o Aurora na Bolívia

RIO - Na letra do hino, executado com instrumentos típicos da música andina, o Aurora é chamado de "Orgulho de Cochabamba". Popularmente, é conhecido como "Time do Povo", mas nem o fato de ser um dos líderes do Campeonato Boliviano foi capaz de mobilizar o Vasco. Coube ao "Expressinho", reforçado pelo goleiro Fernando Prass, a missão de, na pior das hipóteses, assegurar um empate hoje, às 21h50m, na altitude de 2.560m do Estádio Félix Capriles, que garanta uma classificação tranquila no jogo de volta, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana.

Fágner comemora gol contra Corinthians.  Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

O Aurora não está entre os clubes mais tradicionais da Bolívia, como Blooming e Bolívar, mas vive um momento particularmente interessante de sua história, em que acumula apenas dois títulos nacionais. Teve dois jogadores convocados para os confrontos da seleção boliviana contra Uruguai e Colômbia, pelas eliminatórias, dias 7 e 11 - o meia Jaime Robles, que não joga esta noite, e o atacante Augusto Andaveris - além de, atualmente, reinar absoluto em Cochabamba. Seu maior rival, o Jorge Wilsterman, ex-clube de Túlio Maravilha, disputou a Libertadores deste ano mas, em casa, disputa a Segunda Divisão.

- Se sonhamos com a classificação, e sonhamos, temos de ganhar aqui - disse o técnico Julio Cesar Baldivieso. - Esperamos enfrentá-los de igual para igual.

O departamento de Cochabamba está no centro das discussões na Bolívia, mas não pelo confronto entre Vasco e Aurora. É ali, no município de Villa Tunari, a 160 km do Estádio Félix Capriles, que começaria o segundo trecho de uma estrada que cruzaria o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) e chegaria no departamento vizinho de Beni, como parte do Corredor Bioceânico, idealizada para ligar o Porto de Santos ao de Ichique, no Chile. Finaciado pelo BNDES e a ser executado pela construtora brasileira OAS, o projeto foi o estopim da crise político-institucional que causou uma fissura na base de apoio ao presidente Evo Morales. Neste momento, membros das 64 comunidades indígenas que vivem em TIPNIS marcham em direção ao Palácio Quemado, em La Paz. Por conta do problema, protestos no jogo desta noite não foram descartados.

Estadio Felix Caprilles, do Aurora da Bolívia. Crédito: soccerway.com

Nesta terça, no único treino realizado pelo Vasco na Bolívia, o técnico Cristóvão Borges optou por deixar o titular Fágner, além de Márcio Careca e Élton, que vinham jogando, como opções para o banco. Allan começará na lateral direita, Julinho fará a esquerda e o jovem Patric formará dupla de ataque com Leandro. No meio, Diego Rosa e Jonathan jogarão ao lado de Fellipe Bastos e Bernardo. Nilton será improvisado na zaga.

Em São Januário, o clima foi bem mais ameno, apesar das confirmações das lesões de Juninho Pernambucano e Victor Ramos. Com estiramento na batata da perna esquerda, o apoiador está fora dos jogos contra Inter e Atlético-PR, e só volta contra o Atlético-MG, no dia 16. A previsão é a mesma para o zagueiro, com uma contratura na coxa. Como Dedé e Élton também não estarão à disposição para o jogo de domingo, contra o Inter, já são quatro os desfalques.

Aurora x Vasco
Horário: 21h50m

Local: Cochabamba, Bolívia

Aurora: Lanz, Huayhuata, Zenteno, Peña e Barba; Zenteno, Arévalo, Segovia e Andaveris (Sanjurjo); Reinoso e Villalba.

Vasco: Fernando Prass, Allan, Douglas, Nilton e Julinho; Diego Rosa, Fellipe Bastos, Bernardo e Jonathan; Leandro e Patric.

Juiz: Georges Buckley (PER).



Eduardo Zobaran e Fábio Juppa (oglobo.com.br)