Ela está até no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: zebra, em competições esportivas, significa “um resultado anormal, inesperado, contrário às expectativas”. Mas quem criou essa expressão e por quê? E qual teria sido a primeira de todas as zebras?
Tudo começou em 1964, ano em que o folclórico técnico Gentil Cardoso (1906-1970) treinava a pequena Portuguesa carioca. Gentil foi o autor de várias frases que entraram para a história do futebol brasileiro, como “Quem se desloca recebe e quem pede tem preferência”. E ainda do diálogo com um jogador em que dizia: “Fulano, de que é feita a bola? De couro. E de onde vem o couro? Da vaca. E a vaca come o quê? Grama. Então, meu filho, bota essa bola na grama, rasteirinha, rasteirinha...”
No dia 23 de julho de 1964, a pequena Portuguesa de Gentil Cardoso enfrentaria o poderoso Vasco, pelo Campeonato Carioca, no Estádio das Laranjeiras, campo do Fluminense. “Se meu time vencer hoje vai ser como dar zebra na cabeça no jogo do bicho”, comparou Gentil, sabendo muito bem que a zebra não existe no jogo do bicho. Como a Portuguesa carioca acabou ganhando do Vasco naquele dia por 2 a 1, a expressão ficou para sempre.
Com o advento da Loteria Esportiva, a partir de 1970, a expressão “zebra” ganhou força para designar qualquer resultado surpreendente que complicasse a vida das pessoas que sonhavam em fazer os treze pontos e ficar milionárias. A maior delas aconteceu em 1972. Uma vitória do Juventus sobre o Corinthians por 1 a 0, no jogo 2 do teste número 85, permitiu que Eduardo Varela, o Dudu da Loteca, ganhasse sozinho o prêmio de 11,6 milhões de cruzeiros.
Durante anos, o programa Fantástico, da Rede Globo, começava com os resultados dos treze jogos narrados por Léo Batista e o desenho da simpática Zebrinha, do cartunista gaúcho Borjalo, narrando: “Coluna um, coluna dois, coluna do meio...” E quando algum desses resultados era inesperado, era a vez da Zebrinha observar, toda contente: “Ih, deu eu, Zebraaaaaaaaa...”
Por Celso Unzelte, colunista do Yahoo! Esportes
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