Dedé é 'atropelado' pelos companheiros na comemoração de seu gol (Foto: Marcelo Sadio / Site do Vasco) |
O primeiro tempo terminou 0 a 0, o que já dava ao Vasco a vaga na final da Taça GB, por melhor campanha no primeiro turno. Mas o grande destaque ficou por conta da segunda etapa, quando Bernardo abriu o placar aos 24 minutos. O Flu reagiu e fez 2 a 1 com Thiago Neves e Wellington Nem. Foi quando Gaúcho, ex-jogador do clube nos anos 1970 e 1980, lembrou da velha garra cruz-maltina e injetou sangue novo. Dakson, 25 anos, e Romário, 20, entraram. O primeiro cruzou para o outro empatar. Depois, coube a Dedé, zagueiro como Gaúcho já fora um dia, fazer o gol da vitória com sabor especial.
O zagueiro cruz-maltino foi um dos destaques desse triunfo que deixa o time na briga para encerrar um jejum de nove anos sem conquistar um turno sequer. Após assegurar vaga na final da Taça Guanabara no próximo domingo, agora aguarda o vencedor de Flamengo x Botafogo, que se enfrentam neste domingo... Ao Fluminense, resta seguir na Libertadores antes de estrear na Taça Rio. Na próxima quarta-feira, o Tricolor volta a jogar na competição sul-americana contra o Huachipato, do Chile, que derrotou por 2 a 1 semana passada fora de casa. Agora, a partida será no Engenhão.
Num primeiro tempo em que o Fluminense teve o domínio da partida mas não contava com noite inspirada de seus principais jogadores, o Vasco, com a vantagem do empate, deu mostras desde o começo de ter entrado em campo com o regulamento debaixo do braço. E acabou já sendo o vitorioso com o 0 a 0 nos primeiros 45 minutos. O time usou a estratégia de chamar o Fluminense para depois tentar decidir nos contra-ataques. O técnico Gaúcho não esperava, no entanto, ter uma defesa tão confusa na marcação e na saída de bola. A equipe tricolor, apesar dos sinais de cansaço por conta da viagem e do jogo pela Libertadores no meio da semana, procurou se aproveitar disso. E por pouco não mudou o panorama logo na primeira jogada.
Renato Silva começou a complicar a defesa do Vasco antes de o ponteiro chegar a um minuto de partida ao jogar a bola desnecessariamente para a lateral. Thiago Neves, armando pela direita, se aproveitou da situação e tabelou com Fred. O camisa 10 tricolor recebeu e mandou o cartão de visitas tricolor na trave de Alessandro, já batido no lance. O tempo cravava 55 segundos.
Com dois volantes se complicando na marcação e nas saídas de bola, o Vasco sofria com a apatia de Pedro Ken e Carlos Alberto, homens de criação da equipe sem espaços para produzir. Resumo: Bernardo e Eder Luis mal participavam da partida. Melhor para o Flu.
Pior para o Vasco é que os erros da defesa se repetiam. Em escanteio pela direita, uma falha de posicionamento deixou o zagueiro Anderson livre para marcar. Por sorte do time, o zagueiro tricolor bateu em cima de Alessandro, que no reflexo salvou em cima da linha. Tudo isso em menos de dez minutos.
A equipe tricolor viu que, se forçasse, poderia tirar partido. Se a equipe saía lentamente da defesa para o ataque, tinha um jogador no meio-campo capaz de mudar o ritmo com um simples toque. Esse cara era Deco. O camisa 20 deu uma linda virada de bola para a esquerda. Carlinhos arrancou como ponta, cortou Eder Luis, mas bateu também em cima de Alessandro. O lateral-esquerdo tricolor começou a ser mais acionado na partida. E foi dele o centro que Fred poderia ter aproveitado melhor. O camisa 9 tricolor cabeceou para o alto, e a bola subiu.
Para infelicidade do Flu, Deco não teve outro momento de inspiração como aquele. Acuado, o Vasco precisava acordar ao menos nos contra-ataques. Só aos 34 minutos o time tentou encaixar a jogada veloz com Eder Luis. Mas Pedro Ken lançou com força, e o goleiro Diego Cavallieri saiu bem e evitou o pior. No fim da primeira etapa, coube a Dedé o melhor momento do time na partida. O zagueiro arrancou da defesa e deu o passe certo para o veloz ponta-direita. Eder Luis fez tudo certo. Mas Carlos Alberto, não. Ao receber a bola, abusou do preciosismo. Quis fazer fila e desperdiçou uma boa jogada de ataque, irritando a torcida. Mas o primeiro tempo acabou sendo bom com o 0 a 0.
No vestiário, o técnico Abel Braga resolveu mexer no Flu. Trocou o lateral-direito Bruno por Wellington Silva. Mas foi o Vasco empolgado pela garra de Dedé no fim do primeiro tempo que voltou melhor no começo do segundo tempo. E teve mais uma vez nos pés de Carlos Alberto a chance de abrir o placar. Numa falha de Wellington Nem, apagado em campo, o camisa 10 cruz-maltino arrancou com a bola do meio-campo e, quando tinha Eder Luis pela direita e Bernardo e Wendel pela esquerda, com apenas dois tricolores na marcação, preferiu tocar para o camisa 31. Bernardo bateu, Cavalieri defendeu.
Deco já dava sinais de cansaço. Abel o trocou por Wagner. O Flu dava mais sinais ainda de desgaste. O Vasco, ao contrário, explorava mais os espaços para o contra-ataque. Com Pedro Ken mais ligado, Bernardo e Eder Luis mais efetivos, o time cresceu em relação à primeira etapa. O Fluminense já começava a olhar para o relógio.
Tenso, o time tricolor acabou falhando na defesa. E aos 24 o contra-ataque cruz-maltino foi letal: Gum rebateu mal de cabeça um lançamento, a bola sobrou para Eder Luis. O centro do camisa 7 para Bernardo foi na medida. O camisa 31 bateu de canhota, de prima. A bola passou por baixo de Diego Cavallieri: 1 a 0 para o Vasco. Na comemoração, atropelou um radialista...
O tempo passava, e o Fluminense, agora, precisava de dois gols para sair com a vaga para a final da Taça GB. Abel, no desespero, sacou o zagueiro Anderson para pôr o atacante Rhayner, que não faz um gol há mais de dois anos. E o atacante acabou ajudando no empate. Num cochilo da defesa do Vasco em cobrança de lateral tricolor, o camisa 22 tentou matar a bola, que sobrou para Thiago Neves mandar para o fundo das redes, aos 32 minutos.
Vasco levou a melhor em 2º tempo eletrizante e garintiu vaga na final da T. Guanabara |
Se Abel Braga mexeu bem no time, o técnico Gaúcho mostrou que os cabelos brancos da terceira idade contam a favor num momento crítico. .Na véspera de completar 60 anos, pôs dois jogadores que mudaram a partida. Dakson entrou no lugar de Eder Luis e Romário no de Thiago Feltri. E foi Dakson que centrou para Romário empatar, aos 38.
A partida estava emocionante. Os dois times buscavam o gol. Mas o Vasco justificou os gritos da torcida de ser o time da virada.. Dessa vez, foi Bernardo quem cruzou. E Dedé, aquele chamado de Mito, que no fim do primeiro tempo tirou o time do sufoco, se aproveitou da falha de marcação de Gum e bateu por baixo das pernas de Diego Cavallieri, aos 41. O presente de aniversário para Gaúcho foi em alto estilo. De zagueiro para ex-zagueiro.
Ficha Técnica
VASCO 3 X 2 FLUMINENSE
VASCO 3 X 2 FLUMINENSE
Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Data-Hora: 02/03/2013 – 18h30 (de Brasília)
Data-Hora: 02/03/2013 – 18h30 (de Brasília)
Árbitro: Rodrigo Nunes de Sá
Auxiliares: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massara
Cartões amarelos: Wendel, Bernardo, Fellipe Bastos, Dakson e Pedro Ken (VASCO); Wellington Nem (FLUMINENSE)
Gols: Bernardo, 25/2ºT (1-0); Thiago Neves, 33/2ºT (1-1); Wellington Nem, 34/2ºT (1-2); Romário, 39/2ºT (2-2); Dedé, 41/2ºT (3-2);
VASCO: Alessandro; Nei, Dedé, Renato Silva e Thiago Feltri (Romário, 38/2ºT); Abuda (Fellipe Bastos, 29/2ºT), Wendel, Pedro Ken e Bernardo; Carlos Alberto e Éder Luis (Dakson, 36/2ºT). Técnico: Gaúcho.
O que eles disseram:
Carlos Alberto, meia-atacante do Vasco: "A gente está trabalhando para caramba, porque sabe como é importante esse titulo. Fomos recompensados pela disposição, coragem de um o grupo formado há dois meses e já participar da final assim é muito bom. Fico orgulhoso de ir à final"
Thiago Neves, meia do Fluminense: "(O que faltou?) Atenção, né. No segundo gol do Vasco, principalmente. Foi fácil o toque de bola deles na lateral. O Abel insiste em diminuir espaço... Mas estamos de parabéns, faltou só segurar o resultado"
Dedé, zagueiro do Vasco: "Disseram que éramos a quarta força do futebol carioca e hoje já não somos mais, pelo menos no primeiro turno. Estamos brigando para ser a primeira e tomara que no próximo domingo, façamos um bom jogo com o mesmo espírito que tivemos hoje."
Wendel do Vasco: "Essa equipe mostra que tem caráter, que tem coração. Sabíamos que não ía ser fácil encarar uma equipe qualificada como o Fluminense. Primeiro tempo, jogamos muito atras, mas segundo tempo fomos ofensivos. E apenas do Fluminense ser muito forte, conseguimos furar a barreira e conseguir essa vitória"
Abel Braga reclama do toque de letra de Dakson no fim da partida
O técnico Abel Braga fez duras críticas ao jovem meio-campista Dakson, do Vasco. No fim da partida, quando oVasco vencia por 2 a 1, o jogador deu um toque de letra que os jogadores do Fluminense acharam desrespeitoso. Irritado com a atitude do adversário, o comandante tricolor fez questão de demonstrar total reprovação com a situação.
Após a eliminação da Taça Guanabara, Abelão optou por não criticar individualmente ninguém e exaltou o poder de recuperação do Flu no jogo.
- Foi uma loucura de jogo, incrível. O adversário jogando pelo empate, faz um a zero, vai abaixar os braços. Por isso que digo que tenho orgulho da minha equipe. O Vasco teve uma entrega enorme depois que viramos o jogo. Foi um jogo louco, mas lindo para quem assistiu - comentou.
Dakson justifica sua jogada de letra: 'Era meu único recurso'
Dakson87: Jamais pensei ou penso em tripudiar de um adversário. A jogada de letra era meu único recurso naquela situação. Faz parte do jogo. [Fonte: Twitter do Dakson]
Na história do clássico, que completa nove décadas em 2013, o Vasco já venceu 133 vezes, empatou 100 e foi derrotado em 113 oportunidades. Além disso, nos últimos anos, duas semifinais, uma em 2008, válida pela Taça Rio, e a outra em 2010, válida pela Taça Guanabara, foram decididas entre Vasco e Fluminense. Se, na primeira deu Fluminense, dois anos depois, o Vasco deu o troco. Ambas terminaram empatadas no tempo normal e foram para as penalidades.
Confira abaixo os três gols do Vasco na vitória sobre o Fluminense pela semifinal da Taça Guanabara na voz do locutor Rodrigo Campos, da Rádio Manchete: