Após 72 jogos na temporada, time fará três jogos decisivos em oito dias. Desgaste atinge Felipe e Élton, que são dúvidas para o clássico
Diego Souza mata a bola no peito no treino em São Januário: o meia volta ao time contra o Fluminense Jorge William / O Globo
RIO - A excelente fase do atacante Fred, do Fluminense, o toque de bola envolvente do Universidad de Chile e a rivalidade histórica com o Flamengo estão no caminho do Vasco. Mas o time tem um adversário extra na luta pelo título brasileiro e pela vaga na final da Copa Sul-Americana: o cansaço.
Com 72 partidas no ano, o Vasco deu sinais de desgaste no segundo tempo do empate com a Universidad de Chile, em São Januário. Como resultado, Felipe e Élton saíram de campo contundidos e ainda são dúvidas para o clássico de domingo no Engenhão.
O departamento médico do clube preferiu a cautela. Não confirmou nem vetou os jogadores. Tanto Felipe quanto Élton serão reavaliados até sábado, véspera da partida, e só então os médicos darão uma resposta conclusiva. O meia deixou o campo com dores no músculo adutor da coxa esquerda. O atacante sofreu torção no tornozelo esquerdo. Outros jogadores também sentiram dores musculares, mas não preocupam a comissão técnica, como Juninho Pernambucano.
Estamos um pouco cansados, sim. Nesta reta final, depois da maratona de jogos no meio de semana e no final de semana durante a temporada, os músculos estão estressados. Agora, temos que ir na raça para lutarmos pelo título disse o volante Rômulo, um dos que mais jogou no ano. O cansaço atrapalha porque pensamos e não conseguimos realizar as jogadas. Tem que descansar o máximo possível agora.
Mais descansado do que os outros, Diego Souza pode dar um sopro de fôlego ao time. O meia ficou fora da partida contra os chilenos, pois havia sido expulso na partida com o Universitario, do Peru.
Claro que queria ter jogado quarta-feira, dentro de casa, mas já que aconteceu, pus na cabeça que tinha que trabalhar bem para conseguir jogar bem no fim de semana. Consegui treinar bem, chego inteiro para o clássico afirmou o meia vascaíno. [O Globo]
Após superar cirurgia, Felipe se torna decisivo na reta final do Brasileiro
Destaque do time no empate por 1 a 1 com o Universidad de Chile, pela semifinal da Copa Sul-Americana, Felipe vem crescendo de produção na reta final do Campeonato Brasileiro. Desde a 31ª rodada, sua média no Troféu Armando Nogueira foi 7,10 - o que o deixa atrás apenas de Dedé (7,16), que vive a melhor fase na carreira. A evolução do camisa 6 no nacional é notada com a comparação da média recente com a média em toda a competição: 6,28.
O afastamento no início do ano não foi o único problema enfrentado por Felipe nesta temporada. Em agosto, o meia passou por uma artroscopia para retirar parte do menisco que o incomodava desde o ano passado. Ficou pouco mais de 30 dias se recuperando e esteve ausente de 11 partidas. Voltou a campo contra o Inter, no dia 9 de outubro, cerca de um mês após sua recuperação. Três rodadas depois, na 31ª (no dia 23 de outubro), ele voltou a ser o Maestro e marcou um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre o Bahia, em Salvador.
Na opinião do preparador físico do Vasco, Rodrigo Poletto, o segredo da boa fase de Felipe, especialmente nesta reta final, está na dedicação aos treinos e na confiança que o meia tem no trabalho de todos os profissionais do clube.
- Felipe é um atleta que se cuida bastante, gosta muito de fazer trabalhos na areia, e isso dá uma melhora na potência, que é importante. Faço com ele trabalhos mais específicos, como os de força, de potência. Isso dá um resultado mais rápido e específico. Além disso, essa confiança entre atleta, técnico e preparador facilita muito o trabalho. Quando o atleta confia no trabalho da gente, troca informação, a coisa funciona. Não adianta impor o trabalho, a gente coloca o que é melhor para ele. Ele entende, faz o trabalho, e os resultados aparecem. Ele se dedica bastante, e aí a coisa funciona. Isso é fundamental - explicou Poletto, destacando que o trabalho de reforço muscular feito pelo jogador após a cirurgia no joelho foi fundamental para a rápida recuperação.
Desde o jogo contra o Bahia, o meia, dono de técnica e visão de jogo privilegiadas, vem colecionando belas atuações, como a da vitória sobre o Avaí, que teve direito a golaço. Em algumas ocasiões, mesmo sem o fôlego de antigamente, aceitou atuar na lateral esquerda, sua posição de origem, para atender a um pedido de Cristóvão Borges.
- Tivemos um início de ano ruim. Depois chegaram o Ricardo Gomes, com sua comissão, o Cristóvão, ganhamos a Copa do Brasil e estamos brigando pelo título brasileiro. É um ano muito positivo - analisou Felipe, que em abril completou 300 jogos com a camisa cruz-maltina.
Neste fim de ano, Felipe vai atrás de seu terceiro título do Brasileiro - foi campeão em 1997 e 2000 - e do terceiro continental, após participar das conquistas da Libertadores (1998) e da Copa Mercosul (2000). Divide os méritos pelo sucesso do Vasco com os companheiros e espera fechar o movimentado ano de 2011 em grande estilo.
- O Vasco tem um segredo: o craque do time é o elenco. Acreditamos até o fim - afirmou o jogador, que pelo Vasco também ganhou um Carioca (1998) e um Torneio Rio São Paulo (1999), além da Copa do Brasil deste ano.
Ainda sem a confirmação da presença de Felipe, que deixou o jogo contra La U com dores na coxa esquerda, o Vasco enfrenta o Fluminense, domingo, às 17h (de Brasília), no Engenhão, pela penúltima rodada do Brasileirão.
Colaborou Janir Júnior